sábado, 19 de novembro de 2016

Palavras, pra que te quero!


É de fato inconcebível escrever por escrever? Em preâmbulo sintético já explico - ou tento -, sem que haja necessidade de uma história, dos famosos "início, meio e fim", dos personagens ou das ideias... talvez me reste apenas uma, a ideia de que as palavras sejam personas da não-história que se segue nestas linhas que sequer conheço. Então, que cada verbo me convide a chegar até o último parágrafo deste amontoado de letras e vazio.

Devo confessar, este sempre me foi um pensamento pueril. Não de hoje ele me consome, mas desde os tempos de imberbe, por sob a batuta do tempo este marginal pensamento, ainda que vez por outra, rege minha escrita, transfigurando-a até assumir uma monstruosa forma alguma. E, de maneira inequívoca! Sobre isso não há dúvida

Eis que mais e mais palavras se somam às outras, orações são formadas sem um único intuito que não o de prosseguir. Tal como a vida - esta incansável entidade - que segue a usar todos os seres para permanecer o que é, vida. Talvez assim eu seja, a usar palavras para permanecer o que sou, nada. Ou talvez alguém há de elucubrar uma tese deveras mística, apontando para elas, as palavras, donas da vontade de usar-me para permanecerem aquilo que são, palavras apenas.

Talvez seja devaneio tal conjunto de palavras desencontradas, sem que exista um único elo para estarem de fato unidas. Ainda assim elas seguem um rumo - certamente eu devo exercitar minha prosa -, um norte para onde se aponta um caminho sem volta.

Estas palavras podem até ter destino, então. Pois bem, que desfrutem dele bem antes de que eu seja conhecedor. Mas, se desta forma são, permitam-me lembra-lhes, entre um vírgula e outra, que elas não tem passado, o que me faz concluir que não possuem sul. Ou seja, tomam um norte porque não há mais o que se seguir, nem onde parar, nem mesmo o que recobrar.

Triste fim das palavras sem passado, do texto apontando para o verbete que nunca chega, do parágrafo derradeiro e inócuo!