segunda-feira, 11 de março de 2013

O manco poeta


o verso, a prosa, a verve retórica
do poeta claudicante
- aquele que não anda, manca -
é feita de verbo alucinante

ainda que não cante
é de melodia insinuante
as palavras que não servem a dança
é inteira poesia dissonante

a música nunca foi sua companheira
sempre afeito ao silêncio, despreza os sambas
prefere continuar errante
mancando enquanto sua caneta dança

- De que me servem as pernas?!
se perguntava e seguia trôpegamente adiante
"lá se vai o poeta manco", diziam e gargalhavam
diante de versos tolos todos se agigantam

No horizonte em que o poeta e os outros não mais se viam
um aceno discreto, um adeus intrigante
e ninguém nunca mais ouviu falar de sua poesia
ou de sua caneta dançante

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